DESCRIÇÃO DA IMAGEM: DESENHO DE CINCO CRIANÇAS ALEGRES E DUAS TVs EM CIMA DE UM LIVRO ABERTO SOBREVOANDO UM LITORAL, INCLUSIVE UMA ESTÁ COM UM CADERNO NA MÃO E DUAS ESTÃO USANDO WALKMAM.
O previsível fracasso
de nossa educação
(Joaci Góes)
Se o resultado agora divulgado oferece perspectivas desastrosas para as populações carentes do país que, à míngua de um ensino que lhes dê condições de competir, com efetividade, na sociedade do conhecimento em que vivemos, continuarão à margem da plena cidadania, cuja concretização não prescinde de acesso a um nível razoável de renda, a situação dos que têm acesso ao ensino privado não chega a ser alvissareira, tendo em vista sua inferioridade quando comparado ao patamar dos países que praticam a compreensão de que fora da educação as sociedades não conseguirão melhorar seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Alunos egressos de boas escolas privadas brasileiras sentem a inferioridade do seu aprendizado quando cursam universidades de ponta, mundo afora. Suas vantagens comparativas para competir com os egressos das escolas públicas nacionais, desaparecem quando concorrem no mercado globalizado em que estamos inapelavelmente imersos.
Também a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico revelou que entre 42 países pesquisados, o Brasil ocupa o 33° lugar, contra o 11° do Chile, em matéria de desempenho educacional. A melhoria alcançada pelo Brasil não tem sido capaz de impedir o crescimento da distância que nos separa das nações mais desenvolvidas. Gastamos mal os poucos recursos destinados à educação. Na média dos países pesquisados, enquanto o investimento anual por aluno é de US$7.153, no Brasil esse valor cai para US$2.155, cerca de 30%.
É inacreditável que diante de tão ostensivo fracasso do Estado, no seu papel como educador, ainda apareça quem sustente a tese da proibição do ensino privado, cujo melhor desempenho, ao revés, deveria ser tomado como estímulo e parâmetro para a melhoria do ensino público.
Enquanto não somos bafejados pela emergência de um estadista-educador da têmpera de Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888) que, como presidente da Argentina (1868-1874) revolucionou a educação no país, o leitor destas maltraçadas linhas poderia, uma vez por mês, escolher, a seu exclusivo talante, um político a quem indagar, candidamente, sobre o que ele tem feito para melhorar a educação em sua área de influência.
O diabo reside em nossa tendência de considerar que essa coisa de dedicar algum tempo, por mínimo que seja, para cuidar do interesse público, é responsabilidade dos outros. Pensamos: “A mim cabe cuidar, com absoluta exclusividade, da satisfação imediata dos meus apetites”.
Amém!