domingo, 30 de janeiro de 2011

CONSUMIR


Descrição da imagem: desenho de um homem carregando sacolas cheias de compras e estas escondendo seu rosto.
CONSUMIR E SUMIR
(Elenita Leal)


Incontáveis pessoas foram contagiadas por uma doença social que estimula o consumismo, o comercialismo e o materialismo desenfreado. Ao nosso redor vemos evidências de que a vida humana muitas vezes é encarada como algo de pouco valor, que pode ser descartado com indiferença.
A tática básica da psicologia do consumismo é apelar para os desejos das pessoas em vez de para as necessidades. Em princípio, os agentes de publicidade tentam não visar apenas um dos sexos. Evidentemente as mulheres são o alvo principal. Desde o início os administradores e os agentes de publicidade dos shoppings vêm se desdobrando para atrair e conquistar freguesas, sim, mulheres, incluindo as que têm filhos. Somos tentados a comprar as últimas novidades para não perdermos algo novo. E, naturalmente, na terminologia publicitária “novo” significa “melhor e superior” e “velho” significa “inferior e antiquado”. Muitos produtos hoje são projetados para serem descartados. Quase sempre somos incentivados a comprar algo novo, em vez de consertar o velho. Alega-se que substituir coisas velhas é mais prático e barato do que consertá-las. Em certos casos, isso é verdade. Mas muitas vezes, jogar fora a coisa velha e substituí-la por uma nova é dispendioso e desnecessário.
A moda é consumir tudo agora, o que gera um infindável ciclo. Será que todas essas compras desenfreadas realmente beneficiam o consumidor? Na realidade, os beneficiados são os comerciantes que querem encher as suas caixas registradoras. Consumir descontroladamente gera estresse, dívidas, desperdício, trabalho em excesso, sentimentos de privação, inveja e depressão. A mentalidade do descartável pode facilmente ir além do leve esbanjamento. Pode tornar as pessoas mal-agradecidas e sem consideração, de modo que displicentemente lancem fora grandes quantidades de alimentos e de outros recursos intactos. Os que são egocêntricos e influenciados por modismos e preferências triviais talvez se sintam sempre impelidos a trocar seus móveis, suas roupas e outros pertences, ainda que os velhos estejam em bom estado. Consumir em excesso significa consumir-se, ou seja, destruir a própria vida aos poucos.
O nosso planeta foi criado para ser explorado. A Terra é muito mais complexa e biologicamente diversificada do que imaginamos, ela é um laboratório infindável, mas para tudo há limites. Certamente as pessoas não deveriam explorar a Terra de modo egoísta e irresponsável, até que as riquezas do planeta se esgotem, que a atmosfera fique poluída e que os mares e as áreas agrícolas fiquem cheios de lixo. Ao contrário! O uso ganancioso dos recursos naturais da Terra deixa pouca coisa para as gerações futuras e supostamente acelera o aquecimento global. Nas últimas décadas o homem tem poluído o ar, a água e o solo. Tem desperdiçado os recursos naturais da Terra e causado a extinção de centenas de espécies de criaturas vivas. Muitos ambientalistas procuram deter a agressão contra a Terra, mas parecem nadar contra a maré. Grande parte da terra se torna cada dia mais poluída, seus recursos naturais continuam a ser desperdiçados, a vida selvagem é dizimada, aumenta a escassez de víveres, a corrida armamentista prossegue, e assim por diante. Alguns ambientalistas apontam para o encolhimento das geleiras e o desprendimento de icebergs no Ártico e na Antártida como evidência do aquecimento global.
Especialistas em meio ambiente e autoridades governamentais, contudo, dizem que precisamos modificar nossos hábitos, ou então sumiremos do planeta, seremos enterrados vivos em nosso próprio lixo. Os modernos descartáveis talvez sejam uma bênção para os consumidores, mas são uma bomba para os depósitos de lixo da terra. Será que há esperanças? Hoje as pessoas que amam o Planeta Terra estão buscando meios de conscientizar, de educar os cidadãos de bem a terem pleno respeito pela vida. Além disso, uma outra solução encontrada é a reciclagem que obviamente tem suas vantagens. Segundo o livro 5000 Days to Save the Planet (5000 Dias para Salvar o Planeta), reciclar alumínio “poupa enormes quantidades de energia” e pode “reduzir o dano ambiental causado pela mineração de bauxita a céu aberto”. O livro explica: “Para a mesma quantidade de papel produzida, a reciclagem usa apenas metade da energia e um décimo da água. . . . Muitos detritos podem ser recuperados, reciclados e reaproveitados. . . . Mesmo quando as indústrias não podem reutilizar seus próprios detritos, elas podem, em certos casos, reciclá-los para outros usarem . . . Na Holanda, uma rede de troca de detritos opera com sucesso desde o início dos anos 70.” Em vez de procurar novos meios de destinação do lixo, outras autoridades dão mais ênfase a diminuir a sua quantidade. O livro supracitado alerta que “é preciso uma ação urgente” para que a humanidade “saia da condição de economia do descartável . . . para a de uma sociedade preservadora, que minimize o desperdício e reduza o consumo de recursos”.
Contudo, quem deseja ‘sair da condição de economia do descartável’ precisa estar disposto a prolongar ao máximo o tempo de uso dos produtos que adquire, descartando-os só depois de não terem mais conserto. Objetos indesejados, mas ainda em condições de uso, devem ser repassados para quem os possa aproveitar.
Portanto, para não sumirmos, para não entrarmos em extinção precisamos cuidar no pleno sentido da palavra do no nosso lar – o PLANETA TERRA.

Fonte: A vida numa sociedade do descartável - Revista Despertai de
22/08/2002;
A força da publicidade – Revista Despertai de 22/08/98;
A história das coisas – vídeo de Annie Leonard.